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As Doenças e Sintomas na visão sistêmica de Bert Hellinger

Atualizado: 15 de jul. de 2021


"O que é saúde plena? Quando todos estão presentes." (Bert Hellinger)



As constelações familiares podem ajudar a medicina e estarem a serviço da vida com ela.

As doenças ainda tem muitas caras, com frequência a de pessoas às quais foi negado o direito de pertencer à nossa alma ou à nossa família. Nas doenças, elas se manifestam de maneira visível e enfática - porém, sem se indispor conosco.

Trata-se de outro poder, que, por meio de uma doença, permite-lhe bater a uma porta que até então lhes fora fechada, para que finalmente possam entrar.



Portanto, nosso sistema familiar está presente em nosso corpo.

Quando algo falta a esse sistema, falta também ao corpo.

Segundo minhas observações, quase todas as doenças, incluindo as crônicas, graves e fatais como o câncer, estão relacionadas a pessoas excluídas.

Para ser mais exato: a doença olha para uma pessoa excluída, que passa a incorporá-la.

A relação temporal de uma doença com uma pessoa excluída pode remontar a várias gerações.


Esquizofrenia: de acordo com minha experiência, a esquizofrenia não é uma doença, e sim um problema sistêmico. Só a encontramos quando houve algum caso de assassinato em uma família; portanto, onde assassino e vítima são parentes. Contudo, há certas exceções, por exemplo, quando a vítima ou o assassino é uma pessoa próxima da família, como um ex-companheiro. Após um assassinato como esse dentro da família, em cada geração seguinte haverá um comportamento esquizofrênico, que, no entanto, em geral não é diagnosticado como tal. Às vezes, o assassinato ocorreu algumas gerações antes, de modo que ninguém mais consegue se lembrar dele. Porém, o crime está presente na alma da família, e na constelação familiar ele vem à luz. De fato, a esquizofrenia surge quando um membro posterior da família tem de representar, ao mesmo tempo, o assassino e a vítima. Ambos foram excluídos do sistema familiar. Quando assassino e vítima são trazidos de volta para o seio da família, reconhecidos e valorizados, a esquizofrenia também passa. Obviamente, quando um membro é morto por uma pessoa não pertencente à família, esta também acaba sendo afetada. Porém, esse fato não conduz à esquizofrenia.


Neurodermatite: a primeira vez em que observei um caso de neurodermatite foi em relação a uma mulher que estava aborrecida com o ex-marido. O filho que ele tivera em outro relacionamento sofria da doença. Era como uma praga. Mais tarde, vi muitos casos semelhantes. Sempre em situações em que alguém estava aborrecido porque tinha sofrido uma injustiça. Curiosamente, porém, não estava aborrecido com quem lhe tinha feito algo ruim, mas essa sensação era deslocada para uma criança, pois a pessoa em questão ainda tinha um vínculo de amor com o outro.


Em uma constelação familiar, tenta-se abrandar o coração da pessoa que está aborrecida e fazer o outro reconhecer seu erro e compadecer-se dela. Caso se trate de ex-parceiros,

pede-se para a pessoa que errou dizer: “Por favor, olhe com simpatia para meu filho/minha filha e para minha nova esposa/meu novo marido”. Assim, o outro se torna flexível, não fica mais aborrecido, e todos estão livres para o futuro.


Bulimia: na maioria das vezes, o pano de fundo é o fato de a mãe dizer ao filho: “Você só pode aceitar o que vier de mim. O que vier de seu pai não presta”. Assim, a criança aceita o que vem da mãe, mas, por amor ao pai, torna a rejeitar tudo. A solução parece ser a seguinte: a criança imagina que está sentada no colo do pai e que toda a comida está espalhada na sua frente. Em seguida, é alimentada pelo pai com uma colher de chá e, a cada colherada, diz: “Pai, gosto de comer com você. Aceito de bom grado o que você me oferece”. Essa é a intervenção na bulimia.


Anorexia: nesse caso, um dos pais é atraído para a morte, e o filho diz interiormente: “Vou no seu lugar”.


Filhos com dependência química: sentem falta de uma pessoa, geralmente o pai, que foi excluído do sistema familiar.


Dores por pressão: uma dor, como a cefaleia, que se exprime como uma pressão é indício de amor represado. Nesse caso, é preciso criar uma válvula para que essa pressão possa escoar. Isso é possível mediante três métodos, todos com boa eficácia: Olhar com gentileza. O condutor da constelação diz ao cliente: “Olhe para mim com gentileza”. De repente, os olhos do cliente brilham, e a grande pressão vai embora. O olhar gentil também faz bem ao condutor da constelação. Expirar com amor. O condutor da constelação pede ao cliente que expire imaginando que está canalizando seu amor para alguém. Tal como o olhar gentil, esse também é um movimento direcionado. Esticar as mãos. O condutor da constelação pede ao cliente que estique suas mãos para alguém. Esses três métodos mostram que muitas dificuldades surgem de uma desordem no relacionamento. Cura, liberdade e felicidade são o resultado das ordens do amor.


Câncer: nesse caso, geralmente atuam as frases interiores “sigo você” e “eu no seu lugar”. Porém, em mulheres que sofrem de câncer, também observei, com frequência, que elas se afastaram da própria mãe e lhe disseram interiormente: “Prefiro morrer a lhe conceder a honra, querida mamãe”. O curioso é que, para elas, a morte não é ruim. É um modo de vingança.


Distúrbios da fala: por trás de muitos distúrbios da fala há um conflito familiar não resolvido. É o que ocorre, por exemplo, quando um membro da família foi ocultado ou dado e, por isso, não pôde expressar-se. Ou quando duas pessoas na família se opunham de maneira irreconciliável, como no caso de um assassino e sua vítima. Como consequência, em geral um descendente representa ambos ao mesmo tempo e não consegue dar a palavra a ambos, para que cada um se expresse; por isso, começa a gaguejar.

Na maioria das vezes, a gagueira tem um pano de fundo familiar semelhante ao da esquizofrenia. Enquanto nesta o conflito não resolvido se torna visível na desorientação, na gagueira ele se mostra na fala. Por conseguinte, a solução para o gago costuma ser a mesma do esquizofrênico. Os que ainda não se reconciliaram na família são confrontados até se reconhecerem e fazerem as pazes. Quando se descobre onde está o verdadeiro conflito, aqueles que sofrem de distúrbios da fala, ou os esquizofrênicos, podem deixá-lo em seu lugar e, assim, libertar-se dele.

No entanto, gaguejar também pode ter outros panos de fundo. Com frequência se observa que, antes de começar a gaguejar, a pessoa olha para o lado. Ao fazer isso, olha para uma imagem interior, ou melhor, para sua pessoa interiorizada, da qual sente medo e diante da qual começa a gaguejar. Se na constelação o gago puder encontrar abertamente essa pessoa e dignificá-la até ela também aceitá-lo e lhe mostrar seu amor, então poderá olhar nos olhos dela e lhe dizer claramente o que sente e o que quer.

Às vezes, por trás da gagueira e de outros distúrbios da fala se esconde um segredo que quer ser revelado e, ao mesmo tempo, assusta a família, por exemplo, uma criança ocultada. Se esse segredo vier à tona por meio da constelação familiar e for encarado, nada mais entravará o caminho da fala. Portanto, com frequência os filhos têm distúrbios da fala porque seus pais querem ou precisam esconder alguma coisa. Somente quando os pais falam abertamente a respeito é que os filhos têm a possibilidade de superar seu distúrbio de fala.


Sobrepeso: com frequência observei em mulheres acima do peso que, em sentido figurado, comem a mãe rejeitada. Por isso, nelas a comida tem, ao mesmo tempo, algo agressivo em si. Nesse caso, a intervenção pode ser a seguinte: a cliente se senta à mesa, pega a colher, olha interiormente para a mãe e diz: “Você primeiro”. Esse é um pequeno ritual.

No entanto, também pode acontecer de o sobrepeso depender de algo completamente diferente. Isso precisa ser analisado com mais rigor na constelação.


Em meu trabalho com a Constelação Familiar, confrontei-me inúmeras vezes com as mais diferentes doenças. Muitas tinham um pano de fundo proveniente do sistema familiar.

Em geral, tratava-se de casos de envolvimento ou violações de hierarquia.

Em muitos deles, observava-se sempre a mesma dinâmica, responsável por seu surgimento.


(Hellinger, Bert; Heilmann, Hanne-Lore. Bert Hellinger: Meu Trabalho, Minha Vida (p. 194). Editora Cultrix. Edição do Kindle.)


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